A diarreia neonatal dos bezerros pode ser de natureza alimentar ou de origem infecciosa, causada pelos seguintes agentes:
Escherichia coli; Rotavírus; Coronavírus; Vírus da Diarréia Bovina (BVD); Vírus da Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR); Salmonella; Clostridium perfringens; Cryptosporidium; Eimeria; Strongyloides papillosus.
A Escherichia coli, os rotavírus e os coronavírus são os principais agentes responsáveis pelas diarreias que ocorrem durante o primeiro mês de vida dos bezerros.
As consequências económicas das diarreias neonatais para o agricultor são devido não apenas à morte dos bezerros, como aos custos indirectos que abrangem:
. gastos com tratamentos;
. atraso no crescimento dos animais;
. risco de disseminação das infeções para os animais sadios.
Via de infecção
A contaminação dos bezerros com Escherichia coli, rotavírus e coronavírus geralmente ocorre pela via oral, a partir de material fecal contaminado. As fezes contaminadas podem ser de outros bezerros doentes ou de animais adultos portadores sem sintomas específicos.
E. Coli - Para que a Escherichia coli seja capaz de causar diarréias em bezerros, é indispensável que produza toxinas e consiga aderir às células epiteliais do intestino, resultando na sua colonização. Caso contrário, ela é eliminada pelos movimentos peristálticos e pelo fluxo do conteúdo intestinal.
A ação patogênica dos rotavírus e coronavírus deve-se, portanto, à eliminação da camada superficial da mucosa intestinal, que não consegue mais absorver os alimentos.
Podem ocorrer associações de BVD com colibacilos e BVD com coronavírus e rotavírus.
A diarréia colibacilar é mais frequente do nascimento até 10 dias de idade e as por rotavírus e coronavírus são mais comuns entre o 5º e o 30º dia de vida.
Sintomatologia
Os sintomas das diarreias são clássicos:
. perda de apetite (relutância para mamar);
. amolecimento das fezes (pastosas ou muito líquidas);
. bezerro fraco (dificuldade para manter-se de pé);
. desidratação (pele seca, afundamento da órbita ocular).
Na prática, alguns clínicos experientes conseguem suspeitar a origem das diferentes diarreias.
Embora os sintomas sejam muito semelhantes e as infecções mistas ocorram com frequência, deve-se observar que:
. A emissão frequente e abundante de fezes líquidas e de cor amarelo-clara associada a uma desidratação grave levanta a suspeita de uma gastroenterite por colibacilo (curso branco), especialmente se os bezerros tiverem menos de uma semana de idade;
. Na forma septicémica de colibacilose, o bezerro recém-nascido pára de tomar leite. De repente, apresenta prostração, olhos fundos e, apesar de haver desidratação, a diarreia pode ou não aparecer até atingir um estado de coma;
. A emissão de fezes mais ou menos líquidas com a presença de componentes mucóides, refratária ao tratamento com antibióticos, hipertermia baixa e dor abdominal, em bezerros de 5 a 10 dias de idade, levanta a suspeita de enterite por rotavírus;
. A emissão de fezes com muco, leite coagulado e traços de sangue, além de dor abdominal intensa, em bezerros de 5 a 15 dias de vida, refratária ao tratamento com antibióticos, levanta a suspeita de coronavírus. Os sinais clínicos de surtos por coronavírus são semelhantes aos causados por rotavírus, porém mais graves.
Profilaxia pré parto
O controle das diarréias neonatais em bezerros baseia-se em medidas de higiene e maneio, além do uso de vacinas específicas que previnam contra os agentes mais frequentes na região.
As medidas de controle mais importantes são:
. Vacinar as vacas no final da gestação contra as doenças neonatais mais frequentes na região;
. Alimentar adequadamente as vacas em gestação e no período de lactação;
. Realizar o parto em área limpa;
. Fazer a higiene do úbere e da vulva antes do parto (quando possível);
. Em caso de surto, retirar as vacas por parir das maternidades contaminadas e transferir para locais livres dos microrganismos.
Dicas importantes
Os anticorpos produzidos pela vaca não passam para o feto durante a gestação. O bezerro nasce sem anticorpos, isto é, sem proteção contra as infecções virais ou bacterianas do meio ambiente. O colostro é a única fonte de anticorpos do bezerro ao nascer.
A distribuição do colostro deve ser precoce e em quantidade suficiente:
. primeira administração: nas 2 horas após o nascimento;
. segunda administração: 4 a 6 horas depois;
. terceira administração: 14 a 16 horas mais tarde.
O volume total de colostro deve ser equivalente a 10% do peso do bezerro ao nascer durante as primeiras 24 horas e, no mínimo, 4% do peso durante as 2 primeiras horas.
Com a vacinação da mãe há um aumento do nível de anticorpos no colostro e, depois no leite, de modo que os anticorpos de origem materna, transmitidos para o bezerro por via oral, neutralizam os agentes patogênicos localmente.
Os anticorpos colostrais garantem uma proteção local que dificulta a fixação e a multiplicação dos colibacilos na mucosa intestinal, assim como uma proteção geral, especialmente em relação às formas septicêmicas, pela passagem dos anticorpos através da mucosa intestinal para a circulação geral, durante as primeiras horas de vida do bezerro.
O colostro da vaca vacinada contra os colibacilos patogênicos distribui-se na mucosa intestinal como um filme protetor. Os anticorpos colostrais dificultam a fixação dos colibacilos nos enterócitos (células do intestino) e impedem sua penetração no organismo.
A proteção dos enterócitos contra a infecção viral deve ser feita não pela corrente circulatória, mas sim pelos anticorpos locais provenientes do colostro e do leite, presentes no lúmen intestinal.
quarta-feira, 27 de julho de 2011
quinta-feira, 14 de julho de 2011
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